| POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS 
 
 BUSON   Yosa  Buson, ou simplesmente Buson, como é conhecido Taniguchi Buson, (1716, Osaca -  1783, Quioto) foi um poeta e pintor japonês do Período Edo, e foi tanto  discípulo como mestre de grandes artistas do século XVIII. Ele  nasceu em 1716 na vila de Kema (hoje incorporada à cidade de Osaca) e faleceu  em 1783, em Kyoto, a capital nacional naquela época. Já antes de fazer 20 anos,  mudou-se para Edo e lá dedicou-se aos estudos artísticos. Tempos depois, Yosa  passou mais de uma década a viajar. Em suas numerosas viagens chegou a conhecer  várias cidades japonesas, paisagens de mares e serras pelas ilhas de Honshu e  Shikoku, o que dava a ele inspiração redobrada para escrever e pintar. Casou-se  aos 45 anos, e chegou a ter uma filha chamada Kuno, e foi mais ou menos nessa  época que seu trabalho começou a ficar conhecido. Juntamente  com Matsuo Bashō e Kobayashi Issa, é considerado o melhor representante do  Período Edo, o principal poeta do segundo período clássico do haiku. Seu  trabalho inclui também a pintura, na qual destacou-se na bunjin-ga e na haiga.  Bunjin-ga (a pintura dos intelectuais), é um gênero que se desenvolveu no Japão  a partir do início do século XVIII, influenciada pela mesma arte de pintar  principalmente paisagens, flores e pássaros que surgiu muito antes na China,  ainda na época da Dinastia Yuan. Já a haiga (o desenho do haikai) é, como já  diz o nome, a ilustração desse tipo de poema e foi criada pelo próprio Buson. Seus  versos são muito sensíveis, e buscam alcançar a essência das coisas, não se  afastando do pensamento zen-budista, mais que a aparência, apesar do efeito  plástico de seus poemas, mais que cinematográfico, ser o principal diferencial  da fase anterior do haiku, de Bashô. O colorido e a forma das coisas comparecem  muitas vezes, mais que o movimento ou a imobilidade da imagem visual retratada,  demonstrando bem as qualidades de poeta-pintor de Buson. As referências às  estações do ano, uma das principais exigências do haiku clássico, também  aparecem em seus poemas. Preludiando a terceira fase do haiku, protagonizada  por Issa, alguns de seus poemas apontam para uma certa crítica social, embora  dentro do espírito de contemplação zen. Diz  a lenda que, no leito de morte, Buson teria pronunciado seus três últimos  haikais. Desde a adolescência ele estudou pintura e poesia, tendo começado a  escrever influenciado pelos grandes mestres que o ensinaram. Compôs haikai de  uma beleza plástica considerada inigualável pelos seus contemporâneos e ainda  nos tempos atuais, totalizando mais de 3.000 poemas, até hoje lidos em seu país  e divulgados no mundo todo através de traduções para outros idiomas.   O LIVRO DOS HAI-KAIS. Prefácio de Octavio Paz. Trad. de Olga Savary. Desenhos de Manabu  Mabe.  São Paulo: Massao Ohno; Roswitha  Kempf, 1980.   134 p.  ilus.col.   Edição de 1.500 exs.  Ex. bibl.  Antonio Miranda (Seleção)                      Lento dia:um  faisão
 repousando  sobre a ponte.
              *              Menina  muda,convertida  em mulher
 já se  perfuma.
              *               Faisão  da montanhao  sol da primavera
 pisa  sua cauda.
              *              Nada  se move,nem  uma folha: inquietante
 jaz  o bosque no verão.
              **              Lavrando  o campo:do  templo aos cumes
 o  canto do galo.
              *              O  lutador, na velhice,conta  à sua mulher o combate
 que  não devia ter perdido.
              *              Sob  a chuva primaverilabsortos  num diálogo
 a  capa de palha e o guarda-chuva.
              *              Chegado  para ver as flores,sobre  elas dormirei
 sem  sentir o tempo.
              *              Ontem  um voo,hoje  outro: os gansos selvagens
 não  estarão aqui esta noite.
     Extraído de POESIA  SEMPRE. Revista  semestral de poesia. Ano 10.  Número 17. ]Dezembro 2002. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca  Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 2002.  260 p. ilus. col. Editor geral Marco  Lucchesi.  ISSN 0104-0626   Ex. bibl. Antonio Miranda       Página publicada em abril de 2018 
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